Pensamentos e Reflexões de uma apaixonada por filosofia, poesia e literatura.
25 de dez. de 2017
Refletindo...
24 de jan. de 2016
Sobre a homeostase e outros equilíbrios
Isso é homeostase ou equilíbrio fisiológico. Parece uma maquina perfeita, eu sei.
Mas não é! Não somos feitos somente de ossos, músculos, veias e artérias. Temos toda uma psiquê que é tanto ou mais importante que essa máquina fabulosa. A parte invisível que nos torna afetivos e muitos chamam de alma. É ela que nos faz reagir aos estímulos de alegria ou sofrimento, mas que infelizmente, por ser nossa parte abstrata, não é dotada de homeostase. Dessa forma somos jogados à vida, sem a capacidade automática de equilíbrio psíquico. Não importa qual seja a sua dor. Um amor ou um amigo que se perdeu, um familiar querido que se foi. Qualquer que seja o seu ingresso para o universo das almas doloridas, teremos de senti-la, dia após dia, até que a ausência sofrida seja suprimida ou que resilientemente nos acostumemos a ela.
Invariavelmente sofremos, nos tornando perdidos e confusos. A vida perde a cor, não há mais desejo de contato com o mundo. Por dias, meses e alguns de nós, anos. Nos movimentamos automaticamente, repetindo palavras e ações, enquanto os olhos choram ao fechar a porta do banheiro ou deitarmos a cabeça no travesseiro.
Eu já chorei mil vezes assim e odiei Deus por isso. Espraguejei a vida, os deuses e até os astros por não apresentarem uma solução pra ausência que deixou um espaço enorme no meu dia. Mas nada disso adiantou pra mim, meu equilíbrio foi encontrado exatamente quando parei de brigar, xingar. No momento em que eu me permiti sentar e chorar, a dor iniciou sua partida. As vezes uma simples mudança no padrão mental, já é suficiente.
A minha dor ainda existe, mas a cada dia eu me encontro menos com ela. Já não a encaro de frente. Eu a tenho ignorado nos últimos tempos e aos poucos a presença dela vai perdendo importância pra mim.
É um processo longo!
Acredito que você, em menor ou maior grau já passou por isso. Há ausências que jamais deixarão de ser sentidas. Há dores que diminuem sim, mas que não passarão jamais.
Cabe a nós encontrar uma forma particular de equilíbrio pra esse sofrimento todo.
Há quem diga que um barulho que ocupe aquele velho silêncio, ameniza. Outras vozes que dirão outras frases também. A minha fórmula é: “Quando os pensamentos mudarem o mundo ganhará novas possibilidades”.
Na história evolutiva da raça humana há inúmeras provas de que nos tornamos bípedes, descobrimos o fogo e a agricultura por pura necessidade de evoluir.
Xingue, se isso te ajudar, busque outro alguém que preencha esse vazio, ou corra, nade, crie um clube, aprenda a fazer preces.
Se provoque, busque explicações e maior coerência pras suas atitudes, pergunte-se e busque respostas, mas que sejam respostas que te levem a novas perguntas. Por que são elas que te farão crescer rumo a sua evolução pessoal.
Todos somos capazes, mas somos frágeis também e choramos sempre.
Tudo bem se você cair, mas levante-se e continue caminhando porque o amor não volta, o momento e a frase perfeita, também não. A vida não volta. Não desperdice a sua em lembranças estáticas e autopiedade, não foi assim que chegamos ao topo da cadeia alimentar.
2 de jan. de 2014
Sobre o esconderijo de Anne Frank e o nosso também
Há muitos anos eu vinha planejando Ler ‘ O diário de Anne Frank’, nem sei por que protelei tanto.
Ė um livro de leitura super fácil e os exemplares são de encadernações simples, ou seja, não são caros.
Mas fui adiando, e assim aguardei uns bons 10 anos para lê-lo, até finalmente a semana passada.
_Dizem que tudo nessa vida tem um momento para acontecer, talvez tenha sido isso.
Anne Frank foi uma pré-adolescente judia, filha de banqueiros. Vivia na Holanda, tinha vida abastada, recebia educação esmerada e usufruía o melhor que uma família bem estruturada poderia proporcionar.
Na segunda grande guerra iniciada por Hitler, em razão de sua caçada aos judeus. Anne e sua família precisou ficar em um esconderijo construído dentro de uma fábrica de propriedade de seu pai e ali permaneceram durante quase três anos. Tempo no qual Anne viveu conflitos pessoais e familiares comuns a uma jovenzinha e os transcreveu de forma brilhante e minuciosa em seu diário, que foi postumamente encontrado e publicado.
Uma historia real e dolorida, que narra a liberdade roubada, vidas aprisionadas, sonhos de liberdade. Anne e quase toda a família com exceção apenas do pai Otto Frank, acabou morrendo no campo de concentraçao semanas antes de Hitler se matar e a guerra acabar. Fica a sensação do sofrimento em vão, da dor pelo nada, dos cadáveres adiados por três anos e isso é muito triste.
É impossível não comparar o ‘cárcere’ de Anne ao cárcere diário de muitos de nós. Esse ao qual nós nos impomos quase todos os dias, muita das vezes antes mesmo de nos levantarmos da cama.
Quantas vezes ao percebermos um perigo iminente, nos escondemos? Passamos dias, meses e até anos dentro de nosso sótão pessoal nos esforçando pra não fazer barulho, pra não ser notado, com medo de nosso nazista pessoal, de nossa Gestapo mental, do campo de concentração e torturas que submetemos a nós mesmos por medo de viver.
Sabemos, quanto mais discreto formos, mais tempo sobreviveremos, e quem sabe um dia estaremos totalmente a ‘salvo’? A pergunta é: _A salvo de quem?
Quase sempre também há um amigo invisível como Anne tinha seu diário que ela chamava tão carinhosamente de Kity.
Não importa ‘quem’ ou ‘o que’. Um animal, um programa de TV, o álcool, a música, o telefone, a net, o not. Tanto faz!
Assim como tão fantasticamente figurou Platão em seu mito da Caverna, a caverna pode ter muitas formas, a escolha é sua. Por que no final é só isso, uma questão de escolha. O que realmente é relevante para nós é o fato de que ela te esconde do mundo e esconde o mundo de você.
Anne escrevia em seu diário porque lhe faltava amigos reais e vida para encher o seu dia. Olhava o mundo de seu esconderijo e sonhava em andar lá fora e olhá-lo de frente, sonhava, porque não tinha outra opção, ao contrário de nós que na maioria do tempo opta por sonhar por ser mais seguro.
Anne tinha um perigo físico e metafísico. Hitler, a Gestapo, o medo da Câmara de Gás nos campos de concentração. Mas, e nós? O que nos segura dentro do nosso esconderijo?
Porque nos apegar tanto a uma vida imaginária quando há 200 milhões de possibilidades de outras vidas para conhecermos?
As dúvidas eternas, as eternas indagações que talvez jamais sejam respondidas:
_Onde eu errei?
_Como é que se faz o certo?
_Estranho sou eu ou o mundo?
Nossos inimigos são nossos medos, angustias, o terror do amanhã que muitas das vezes leva muito tempo pra chegar.
O amanhã de Anne não chegou porque o inimigo dela era real, o nosso não é.
O nosso ‘inimigo’ mora dentro de nós e tem a importância que nós dermos a ele.
********
A segunda guerra mundial terminou.
A nossa guerra interior permanece pelo tempo que vivermos.
Ficar escondido não vai adiantar NADA!
Vários anos em poucos meses
Envelheci vários anos recentemente. Não sei exatamente quando isso ocorreu. Cortei o cabelo ontem, como tenho feito de uns anos pra cá, repetindo um ritual que criei, fiz uma foto e comparei com a anterior. O objetivo é comparar os cortes, olhando as fotos vi o envelhecimento gritando nelas, muito mais perceptíveis que o meu novo corte de cabelo. Eu envelheci vários anos em poucos meses. Percebo na textura da pele, no diâmetro dos globos que estão cada vez menores por conta das pálpebras mais e mais caidas sobre meus olhos. Até o castanho deles mudaram. Já não brilham tanto!
Dizem que os olhos são o espelho da alma. Bom! Eu sei que eu não sou a mesma e isso é inegável. Possívelmente a minha alma também não é.
Na verdade eu ando bem cansada!
Viver é bom, eu gosto, mas os seres humanos me cansam muito!
Minha vida tem sido uma constante situação de desvio. Eu desvio das pessoas o tempo todo.
Não tenho prazer em falar com elas, não tenho prazer em ouvi-las. Eu me obrigo a ter contatos de trabalho, alguns até com pouco esforço. Mas me limito a mantê-los no trabalho. Já basta a família que não tenho como escapar e simplesmente aceito isso como um fato imutável e me resigno. Do restante todo eu fujo, fujo do contato real. De algumas pessoas eu sinto falta. As vezes até de ver. Mas logo passa, nada que meia hora de conversa não resolva. Normalmente em meia hora de interação eu já me satisfiz o suficiente pra várias semanas, meses, anos.
Há pessoas queridas com as quais eu não me encontro fazem anos e eu simplesmente não sei afirmar se desejo revê-las. Eu prefiro minha casa, os livros, o computador, o contato via rede social preferencialmente 'via postagens'. Digo isso porque eu odeio os chats. Quando eu fico 'on' é que me pergunto, do por que de eu ter perfil em rede social se eu raramente interajo com alguém nos chats? Eu subo e desço minha lista de 'amigos'. Aquele mar de bolinhas verdes e me lembro de Sócrates. Sócrates sentado num mercado em Atenas, avista todas aquelas mercadorias na feira e exclama:
_ Quanta coisa de que eu não preciso!
Eu exclamo: _Quanta gente das quais eu não preciso!
Eu sempre fui assim. Sempre vivi num mundo só meu. Houve uma época em que eu tentei me enquadrar, tentei ser igual, não consegui. Entendi que boates, festas e afins não eram a 'minha'. Passei anos achando que a 'minha' fosse um barzinho, amigos, música ambiente. Mas também não era, não é, qualquer situação em que estou com mais de uma pessoa é extremamente cansativo pra mim. Aquele papo despreocupado, aquela troca de idéias. Acho tudo isso de uma chatice sem fim. Com que finalidade se faz isso? Socializar serve pra quê? Há sim! Eu esqueço que vivemos melhor em grupo. Não eu, eu vivo melhor sozinha. Aliás, quem inventou isso? Viver em sociedade me cansa demasiadamente e eu passei da idade de achar que isso é um mal nescessário.
Eu envelheci vários anos recentemente, deve ser por isso!