Há alguns dias postei no meu facebook
um link para um texto que republiquei só
pra dar uma movimentada já que não escrevia há mais de quatro meses. Alguns
dias depois recebi um e-mail de um endereço claramente ‘fake’, mencionando o
texto 'A dor-e-o-tempo'.
Esperando algo bizarro ou agressivo ou
ambos cliquei, já nas primeiras linhas me surpreendi positivamente.
Com a devida permissão do autor, transcreverei
aqui o e-mail.
Rio, 10/08/2012
O tempo não tem sido um bom aliado.
Mais de um ano se passou desde o dia
em que eu a deixei e minha dor não diminuiu nem um centímetro, meus pensamentos
não se distraíram com outros pensamentos e o vazio que ficou só aumenta.
Eu deixei de lutar contra isso, me
entrego aos dias que me levam, mergulho nas tarefas que me sufocam.
Eu não a queria no início, não achava
certo me envolver com ela, eu um cara de estatura mediana, um pouco acima do
peso, a careca ameaçando aparecer já em meus 32 anos, não sou feio, mas também
não sou bonito. Sou formado em farmácia, tenho meu
trabalho, gosto do que faço, mas não nasci em berço de ouro, luto pra matar o
meu leão diário como todo brasileiro. Tenho bons conhecimentos gerais, adoro ler e as artes em geral sempre foram meu passatempo predileto.
Ela, uma mulher linda, 30 anos, corpo talhado
por horas de academia, muito bem cuidado nos centros de estética, cremes caros,
roupas de grife, sapatos finos, bolsas combinando, um espetáculo, a mulher do
meu chefe, o presidente da empresa e ela a ‘primeira dama’.
Jamais olhei diferente para ela, até o
dia do primeiro jogo do Brasil na copa de 2010, embalada pelas caipirinhas
servidas no local onde a empresa nos levou para confraternizar e torcer.
Sentado ao lado dela em certo momento ela disse sorrindo ‘quero ficar com você’.
Nem levei em consideração, culpei o grau alcoólico dela e talvez o meu também,
me esquivei. A partir dali passei a sofrer constantes assédios, o amigo para
quem eu confidenciava o assunto sempre dizia ‘aonde se ganha o pão, não se come
a carne’, sempre concordei, por sexo apenas eu não teria me envolvido com ela,
não seria burro a esse ponto.
Fui ignorando os olhares e indiretas
dela até que certo dia fui surpreendido com um beijo, ali na empresa mesmo, no
meio do expediente, todas as minhas forças se foram e eu admiti que estava
loucamente apaixonado .
Embora pareça que a partir daqui eu vá
narrar uma linda historia de amor, infelizmente não será isso que farei.
Porque nenhum amor prospera, quando
apenas um ama.
Totalmente inundado por uma paixão que
jamais experimentei, fiz de tudo para estar com aquela mulher, tudo mesmo, hoje
eu sei que foi exatamente aí que eu iniciei minha sequência de erros.
Passei um ano correndo pra ela sempre
que solicitado, entendia que por ela ser casada não tivesse disponibilidade pra vir
até mim, então eu ia até ela, desmarcava compromissos, recusava convites dos
amigos e corria pra onde ela determinasse. Sempre estranhei o espaço entre
essas solicitações, tão ‘às vezes’ tão ‘por acaso’. Ela me deixava por dias sem
notícia, sem atenção, sem nem um olhar que fosse. Aos poucos fui percebendo que
eu era usado como amigo, como muletas, às vezes como segurança, quase sempre
como abrigo, raramente como amante e nunca como amor. No esforço de ter com ela
o que fosse possível, eu fui deixando de ser eu, fui deixando de impor minhas
vontades, fui ficando outro, me perdi.
Fui um estranho total para mim mesmo por um
ano, até que juntando todas as forças que ainda me sobraram eu fui tentando
sair, o relacionamento de trabalho foi minguando, a amizade foi desaparecendo e
eu percebi que estava sendo substituído aos poucos, como roupa que desbotou.
A dor me trouxe maior controle e fui entendendo que
todas as juras de amor, todas as frases do tipo ‘quero ser só sua’ ‘fica comigo
pra sempre’ ‘não sei viver sem você’ que outrora minavam minhas forças de
reação e auto estima, faziam parte do jogo de uma mulher deprimida, carente
negativamente. Ela queria alguém que a servisse nos momentos do ‘nada melhor
pra fazer’. Hoje observando todo o quadro de longe me sinto humilhado ainda
mais.
Eu sei que ao ler esse e-mail você irá
pensar que sou um pobre coitado. Não pense assim, por favor, não sou um
coitado, eu mereci cada recusa, cada esnobada, cada sumiço dela. Paguei e estou
pagando o preço da ingenuidade, me entreguei sem questionar, analisar ou exigir
o mínimo de amor. Hoje eu sei, enquanto esteve comigo ela teve outros casos também, eu nem era
o único. Sempre a achei tão gente boa, tão incapaz de enganar, tão vítima da
vida sem amor que o marido impunha a ela, e esqueci de me armar, enquanto isso ela me usava
como ‘curinga’ da vidinha fútil e deprimida dela.
Desesperado pra ter minha vida de
volta. Eu troquei de emprego, troquei de telefone, mas a dor é a mesma, as
lembranças não cessam e mesmo constatando que fiz a melhor escolha em partir,
isso não diminui em nada a minha dor.
As pessoas só fazem conosco o que
permitimos, eu deixei acontecer, me entreguei, amei, apostei tudo o que eu
tinha, logo eu, que sempre me orgulhei da astúcia, sempre me considerei um
estudioso do comportamento humano, quanta ironia.
Mas acabou felizmente acabou, a dor e
o sofrimento fazem parte do processo. Fica a experiência, os afogados na ânsia de
sobreviver arrastam tudo para a morte junto com eles, nunca mais vou permitir
que alguém me use como tábua de salvação.
Putz! Já passei por isso.
ResponderExcluirPor isso publiquei, acho que todo mundo já passou por isso em algum ponto da vida ou irá passar.
ResponderExcluircomo dizia o nosso querido Caio F Abreu "aponta pra fé e rema". A gente sabe que tudo nessa vida passa. Infelizmente a dor fica por um tempo, porém é logo substituida e nos traz muito aprendizado. Ja li tb que ate mesmo a dor é cia. É triste mas faz parte. Parabens pelo trabalho flor. Bjos. Lu e Angel.
ResponderExcluircomo dizia o nosso querido Caio F Abreu "aponta pra fé e rema". A gente sabe que tudo nessa vida passa. Infelizmente a dor fica por um tempo, porém é logo substituida e nos traz muito aprendizado. Ja li tb que ate mesmo a dor é cia. É triste mas faz parte. Parabens pelo trabalho flor. Bjos. Lu e Angel.
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