2 de jan. de 2014

Vários anos em poucos meses

Envelheci vários anos recentemente. Não sei exatamente quando isso ocorreu. Cortei o cabelo ontem, como tenho feito de uns anos pra cá, repetindo um ritual que criei, fiz uma foto e comparei com a anterior. O objetivo é comparar os cortes, olhando as fotos vi o envelhecimento gritando nelas, muito mais perceptíveis que o meu novo corte de cabelo. Eu envelheci vários anos em poucos meses. Percebo na textura da pele, no diâmetro dos globos que estão cada vez menores por conta das pálpebras mais e mais caidas sobre meus olhos. Até o castanho deles mudaram. Já não brilham tanto!
Dizem que os olhos são o espelho da alma. Bom! Eu sei que eu não sou a mesma e isso é inegável. Possívelmente a minha alma também não é.
Na verdade eu ando bem cansada!
Viver é bom, eu gosto, mas os seres humanos me cansam muito!
Minha vida tem sido uma constante situação de desvio. Eu desvio das pessoas o tempo todo.
Não tenho prazer em falar com elas, não tenho prazer em ouvi-las. Eu me obrigo a ter contatos de trabalho, alguns até com pouco esforço. Mas me limito a mantê-los no trabalho. Já basta a família que não tenho como escapar e simplesmente aceito isso como um fato imutável e me resigno. Do restante todo eu fujo, fujo do contato real. De algumas pessoas eu sinto falta. As vezes até de ver. Mas logo passa, nada que meia hora de conversa não resolva. Normalmente em meia hora de interação eu já me satisfiz o suficiente pra várias semanas, meses, anos.
Há pessoas queridas com as quais eu não me encontro fazem anos e eu simplesmente não sei afirmar se desejo revê-las. Eu prefiro minha casa, os livros, o computador, o contato via rede social preferencialmente 'via postagens'. Digo isso porque eu odeio os chats. Quando eu fico 'on' é que me pergunto, do por que de eu ter perfil em rede social se eu raramente interajo com alguém nos chats? Eu subo e desço minha lista de 'amigos'. Aquele mar de bolinhas verdes e me lembro de Sócrates. Sócrates sentado num mercado em Atenas, avista todas aquelas mercadorias na feira e exclama:
_ Quanta coisa de que eu não preciso!
Eu exclamo: _Quanta gente das quais eu não preciso!
Eu sempre fui assim. Sempre vivi num mundo só meu. Houve uma época em que eu tentei me enquadrar, tentei ser igual, não consegui. Entendi que boates, festas e afins não eram a 'minha'. Passei anos achando que a 'minha' fosse um barzinho, amigos, música ambiente. Mas também não era, não é, qualquer situação em que estou com mais de uma pessoa é extremamente cansativo pra mim. Aquele papo despreocupado, aquela troca de idéias. Acho tudo isso de uma chatice sem fim. Com que finalidade se faz isso? Socializar serve pra quê? Há sim! Eu esqueço que vivemos melhor em grupo. Não eu, eu vivo melhor sozinha. Aliás, quem inventou isso? Viver em sociedade me cansa demasiadamente e eu passei da idade de achar que isso é um mal nescessário.
Eu envelheci vários anos recentemente, deve ser por isso!

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