11 de out. de 2015

As coisas comuns




As coisas comuns  contém em si muitas perguntas. Por isso quando crianças vivíamos perguntando, éramos sensíveis para percebê-las e ousadas o suficiente para perguntar o Porquê.
Aprendemos, entre outras coisas nessa fase, que precisávamos nos proteger ao passo que o conhecimento chegava.
_Não corre, se não você cai!    
_Mastiga devagar pra não  engasgar!
Mais tarde na escola o colega mais bonito tem mais amigos e o mais inteligente é o preferido da professora. Na impossibilidade de entender   sobre as diferenças entre os seres humanos, captamos a seguinte mensagem: “O comum não agrada, para sermos felizes temos que ser especiais”. A maioria das nossas falhas de caráter começam a se formar a partir daí.
As coisas comuns contem muitas perguntas até hoje, mas nós crescemos e ganhamos a terrível mania de tirar conclusões antes de entender o porquê delas. Afinal precisamos nos proteger e precisamos ser especiais. Então, substituímos os “porquês”, pelo “Eu acho”, e o medo da vida se instalou em nós.
Infelizmente o conceito do “Resgate da criança em nosso interior”, é impossível pra assuntos “não lúdicos”. Somos adultos e é assim que a vida exige que sejamos, mas os “porquês” são muito importantes.
Como fazer? Precisamos deles para entender a vida, as pessoas e principalmente o mundo que está a nossa volta.
A solução, acredito eu, é   permitir que o filosofo que se manisfestava tão naturalmente quando éramos crianças, ressurja. Emergindo das profundezas de nós como alguém que esteve há segundos de se afogar.Todo ser humano nasceu pronto para a reflexão profunda e honesta.Alguns com poucos minutos de prática diária, já encontrarão o caminho que o levará ao encontro de si.Outros precisarão de mais tempo. Não importa quanto tempo você precise, desde que você consiga se fazer as perguntas corretas, que não ,necessariamente, te levarão a  respostas e sim à novas perguntas. Porque são as perguntas que te fazem levantar e procurar a saída. São as perguntas, e não as respostas, que nos guiam, não importa a direção nem a sua intenção. A pergunta será sempre mais importante que a resposta.
Então Pergunte-se!!!
– Quem realmente eu sou?
Busque não o EU que fingimos ser e que costumamos apresentar a sociedade, mas quem realmente somos, aquele ser que escondemos atrás do personagem que criamos. Uma boa maneira de observar o quanto é comum se criar  personagens, é ler ou ouvir alguém se descrevendo. 
Você pode até propor isso também, em seguida tome assento e aproveite o espetáculo. Citarão defeitos que camuflam outros defeitos e vão exagerar e até mesmo criar qualidades e características para se aproximarem daquilo que julgam ideal. Os efeitos colaterais disso são lastimáveis. Quanto mais exacerbamos nossa importância no mundo, menor é nosso amor próprio. É quase como um cabo de guerra, quanto mais puxamos pro lado de quem queremos ser, menor fica pro lado de quem realmente somos. Criaturas frágeis, pessoas comuns no meio de uma multidão comum, repleta de diferenças, tentando a façanha de serem todos iguais. Não me admira que o mundo e as relações sejam tão confusas.Enquanto não entendermos que sermos únicos tem a ver com a busca pessoal e não com vaidade, o abismo da individualidade aumentará a nossos pés, mais e mais.
O comum das coisas contém em si muitas perguntas porque elas são espetaculares e isso inclui a todos nós.
A vida e quem somos flui. Seu panorama se altera a todo o momento, e a todo momento aprendemos algo novo.
Não há exatidão na autodescrição de alguém que tenha um mínimo de conhecimento sobre a vida e a natureza complexa do ser.
Quem não desejamos ser é o que precisamos definir primeiro. Disso depende toda a base da nossa formação ética.
Pergunte-se!!!
– Quem eu não desejo ser?
E enquanto isso, seja um comum cheio de peculiaridades encantadoras. Acredito que seja melhor e mais fácil do que passar a vida representando. Quando te perguntarem quem é você? Diga:
– Eu estou em construção, mas eu sei quem eu não desejo ser.
As pessoas comuns contém em si muitas perguntas e são lindas!

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