12 de out. de 2015

O que dizer ao completar 40 anos?


Não se faz quarenta anos todos os dias.
Por causa disso, achei que seria importante escrever algo pra marcar essa data.
Mas escrever o quê?
O que dizer?
Agradecimentos e planos para os próximos dez anos?
Não! Planos não! Nunca fui de planejar nada e pretendo continuar sendo assim, tem dado certo.

O que eu gostaria de dizer nesse texto realmente, é que me sinto um rio!
Um  rio calmo, onde há apenas um leve balançar de águas, aquele balançar do vento passando mansinho em direção a outro rio. Não foi fácil chegar a esse ponto. E por isso, especificamente por isso, sou e estou extremamente grata á vida que me trouxe até aqui!
É um presente magnífico esse!
Ser um rio calmo e tranqüilo é tão reconfortante que as vezes chega a amedrontar.
Minha vida sempre foi tão atribulada e corrida. 
Fui mãe cedo, aos dezoito anos. Acredito que isso tenha me tornado quem sou hoje.
Quando a maioria dos jovens da minha idade naquela época  estavam brincando e curtindo festas, eu embalava minha filha mais velha no colo. E quando a outra maioria estava planejando ir pra faculdade, eu me sentava maternalmente ao lado do berço, cansada e descabelada para ver minha filha dormir.
Acho que nasci pra ser mãe, tanto que quando eu achei que já tinha chorado tudo, e corrido feito uma louca por toda uma vida, em vitoriosos onze anos, engravidei novamente.
Mãe solteira aos trinta anos.
Como me odiei quando descobri. Mas hoje eu sei que isso me salvou!.
Eu vivia uma fase louca de festas, bebedeiras e tudo, tudo o mais.  Em cinco anos mais ou menos, tentei  recuperar tudo que havia perdido com a maternidade precoce. Foram ótimos anos, realmente ótimos! Mas que não me deixaram saudade alguma. Foi uma fase importante para eu entender que não havia perdido nada, ao contrário, e que eu definitivamente não queria aquela vida louca pra mim. Assim, assumi minha segunda gravidez como o momento certo para me tornar quem eu realmente desejava ser.

Mãe, profissional competente e sobretudo um ser humano calmo e sereno. 
E eu trabalhei dobrado e chorei dobrado também  pra alcançar meu objetivo.  
Mas valeu e tem valido, muito!
Me tornei  um rio calmo e tranqüilo. Nem os ventos mais fortes me abalam. Eles apenas alteram um pouco a minha rotina, me balançam pra lá e pra cá, produzem em mim pequeninas ondas e nada mais! Nada que não me faça valorizar ainda mais a calmaria, quando ele se vai.

Desde os dezoito venho treinando o controle dos meus humores e praticando o dom de amar a ponto de ser feliz com o que deixa aqueles que amo felizes. Aprendi que felicidade é uma coisa simples e que mora dentro de nós.
Hoje coloco os pés no caminho que me levará aos quarenta e um anos, depois quarenta e dois e assim sucessivamente. Tenho muito o que aprender ainda. Muito mesmo! Mas sinto que será apenas mais uma mudança de fase, num jogo onde eu sei quais movimentos trazem os melhores resultados.
Medos? Não sei o que é isso! No máximo, preocupações.
Erros? Foram muitos e ainda cometerei vários outros, não há melhor forma de aprendizado, e eu ainda tenho muito o que aprender.
Mas, Eu sou um rio calmo, tranqüilo e profundo, não tenho nada a temer.



Um comentário:

  1. Texto impecável!
    Pretendo chegar aos 40 assim!
    Parabéns!

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