1 de nov. de 2015

Ser feliz é a Melhor Revanche


Revanches têm sido orquestradas e executadas desde o principio da humanidade organizada.
A lei de talião, ou, olho por olho e dente por dente, sempre foi a forma preferida de se resolver questões e ainda é nos dias atuais. A ideia de morte sempre encarada como salvação diante do sofrimento. Nas revanches é quase sempre descartada, pois o que  queremos é ver o outro sofrer a mesma dor que estamos sofrendo. Eu pareceria muito fria ao afirmar que a dor por ter sido traído ou dispensado, não é sofrimento de verdade? Que ela é nada além da manifestação da nossa vaidade? Já parou pra pensar nisso? Querer ser o grande amor de alguém, é vaidade. Desejar ser a pessoa mais linda,o melhor amigo de todos e o profissional mais foda,são vaidades.
Ao perceber que não somos tudo isso, sofremos e sentimos raiva, além de claro, vários outros conflitos gerados pela vaidade ferida. Observe, mas observe com honestidade a si mesmo e me darás razão. Aliás, querer ter razão também é vaidade, e eu ando evitando isso. Então não precisa me dar razão não.Eu observo em mim e em amigos que me pedem ajuda com suas angústias, que na maioria das vezes, onde “parece” dor, sofrimento e humilhação, na verdade é orgulho ferido, sentimento que o vaidoso conhece muito bem. A gente sofre por que foi atingido no âmago, local onde mora nossa vaidade, e não propriamente pelo termino de um relacionamento, ou, por ter sido demitido, ou, porque soube que alguém falou mal de você no trabalho.
Fomos criados e vivemos em uma sociedade altamente moralista, repleta de regras onde parecer é mais importante do que ser, apressando nosso processo de aprendizado. Fomos educados com base no cristianismo, e isso esta tão enraizado em nós que nem percebemos nosso comportamento de “pequenos cristos”, sofrendo porque fomos  injustiçados. Seres importantíssimos, pelos quais Cristo morreu e de quem Deus se ocupa individualmente. Exagerarmos nossa importância em detrimento dos outros, mesmo que esses outros por questão de lógica,sejam tão importantes quanto nós. Mas sumariamente ignoramos isso, importando somente o que sentimos por acreditar que merecemos felicidade, e pior, por termos a obrigação de ser felizes.
Amenizaremos nosso sofrimento abandonando a ideia de que o mundo gira ao nosso redor, de que somos criaturas muito importantes e que merecemos tudo de melhor. Quase sempre esse melhor, é algo que esta num pacote recentemente criado e que refletem comportamentos bem antigos.
Somos diferentes uns dos outros, logo, nossos conceitos de felicidade também são. Querer ser feliz ao modo do outro é um erro que pode nos custar uma existência inteira.
Barganhar sentimentos e supervalorizar o que ofertamos é a formula para a decepção. Se você amou, ou foi o melhor amigo do mundo, você o fez porque desejou, por que sentiu prazer naquilo. Fez por você e para extravasar o que sentia, e não pelo outro. Somos seres vaidosos, devemos sempre lembrar disso. Fazemos as mais espetaculares coisas na grande maioria do tempo para nós mesmos. Não exija o mesmo de volta, cada um dá o que tem, e na maioria das vezes, dá para si mesmo. Acredito que o ser humano é essencialmente bom, e que o meio o influencia negativa, ou positivamente. Podemos mudar, ao passo que formos absorvendo novas informações.
Sobre a supervalorização de nós.
Temos valor sim e precisamos nos amar. Mas nos amar acima de tudo e de todos, é vaidade. Então pare de se amar acima de todos e apenas se ame profundamente, a ponto de seguir seu caminho quando as coisas não saírem como você planejou. Se precisar entender onde errou, ou onde erraram com você, tudo bem! Busque esse entendimento. Mas tente compreender o outro lado também. Saia do centro do seu mundo. Deixe que outras opiniões e outras dores sejam tão importantes quanto as suas.
Vaidade é considerar seus desejos os mais importantes. O contrário é o que devemos priorizar. Comprender o outro, as suas dores e os seus motivos.
Aceitar que cada um tem seu limite, é o princípio da sabedoria. Eu sei, na hora em que a mágoa aperta o peito, a humilhação brota em nós e se alastra rapidamente. Fica bem difícil raciocinar, mas tente e tente de novo. Se não conseguir de imediato, espere o tempo passar, respire fundo, por quanto tempo precisar. O tempo é diferente pra cada um de nós e não obedece a relógios, e nem a ordens cronológicas. A dor e o tempo possuem um acordo, não há como interferir nisso. Apenas respire, e enquanto isso lembre-se: “- Cada um dá o que tem.”
Revanche não vai fazer você se sentir melhor, nem maior que o outro, ao contrário. Tente mudar seu padrão mental, tudo em nós esta sempre mudando, evoluindo, morrendo e renascendo, não querer mudar é que não é natural. Nos apegar a fatos e lembranças do passado impedem que novas recordações se formem. A vida é única, não a desperdice com sentimentos rasos.
Revanche é a nossa vaidade contrariada.
A compreensão é nossa emoção  organizada.
Quando você conseguir compreender que cada um tem seu tempo para aprender e para doar o fruto do seu aprendizado, significa que a sua vaidade foi extremamente reduzida. A partir daí, siga em frente e deseje felicidade aos que cruzarem seu caminho e seja feliz também, dentro do seu contexto de felicidade, porque ser feliz é a MELHOR REVANCHE.


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